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A Canoa, de Cándido Pazó, chega o 28 de xaneiro ao Teatro Principal de Compostela

É a mais recente produção do grupo de Coimbra e foi dirigida pelo próprio autor. Os galegos Afonso Castro (iluminação) e Manuel Riveiro Hermo (música) fazem igualmente parte da equipa artística do espectáculo.

“A Piragua” foi escrita e apresentada pela primeira vez em Santiago de Compostela em 2007, numa produção do Centro Dramático Galego. Escrita a partir de uma história meio absurda – o desconforto de um homem com o facto de o vizinho guardar uma canoa no seu lugar de garagem – “A Canoa” chama a atenção para o problema da violência doméstica e para a forma como ele se relaciona com o conjunto de normas, mais ou menos explícitas, em que todos nos movemos.

Propositadamente, a abordagem a uma questão tão sensível como esta é feita com aparente leveza e com o humor que Pazó sempre imprime aos seus textos e espectáculos. Numa curiosa reflexão escrita a propósito da primeira estreia da peça, Cándido explica a opção por alternar entre momentos mais tensos e mais calmos e por recorrer “ao humor que a vida sempre nos oferece, mesmo nas situações mais dramáticas”: “interessa-me que o público respire e que possa retomar o discurso e divertir-se com a peça”. “Não quero apenas uma chave emocional, mas também racional”, acrescenta.

Em Coimbra, o espectáculo estreou a 17 de Setembro, no Teatro da Cerca de São Bernardo, e tem obtido uma excelente receptividade junto da crítica e do público. Da equipa artística fazem parte os actores Igor Lebreaud, Isabel Leitão, Maria João Robalo, Miguel Magalhães e Ricardo Kalash, os cenógrafos João Mendes Ribeiro e Luísa Bebiano, a figurinista Ana Rosa Assunção, o videasta Eduardo Pinto e ainda os também galegos Afonso Castro (iluminação) e Manuel Riveiro Hermo (música).

A apresentação em Santiago de Compostela, que tem naturalmente um significado especial para a companhia, terá lugar numa única sessão, na quinta-feira, dia 28 de Janeiro, pelas 20h30. Ela marca o início de uma nova etapa da digressão do espectáculo e ocorre no âmbito das relações de colaboração e intercâmbio que A Escola da Noite vem mantendo com o Centro Dramático Galego e com várias companhias de teatro da Galiza, que têm sido presença regular em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo, gerido e programado pelo grupo. Por seu lado, A Escola da Noite tem apresentado também com alguma frequência espectáculos seus em Santiago. “Nunca estive em Bagdad”, “Novas diretrizes em tempos de paz” e, mais recentemente, “As Orações de Mansata” são alguns dos trabalhos a que o público galego pôde assistir nos últimos anos.

Cándido Pazó e A Escola da Noite

Nascido em Vigo (Galiza, Espanha) em 1960, Cándido Pazó é actor, dramaturgo, filólogo, encenador, guionista de televisão e contador de histórias.

Como contador, actuou e participou em seminários sobre a oralidade nas Universidades de Santiago, Vigo, Coimbra, Salamanca, Barcelona, Minho, Varsóvia, Cracóvia, Montevideo, Bogotá, entre outras. É presença assídua em locais que habitualmente programam espectáculos de narração oral. Autor da maior parte das histórias que conta (ainda que recorra também à tradição e à literatura), enquadra-se no chamado “conto taberneiro” ou “de tertúlia”, onde episódios e personagens do quotidiano se sucedem, numa demonstração de que a realidade supera sempre a ficção.

Enquanto dramaturgo e encenador, Cándido Pazó é autor de inúmeros espectáculos premiados, como “Commedia, un xoguete para Goldoni” (Prémio Compostela 93 e Prémio de la Crítica del País Valenciano 94), “Nano” (Prémio María Casares 99), “Ñiqui Ñaque” (Prémio Max para Melhor Autor em Língua Galega, 2002), “García” (Prémio María Casares 2005), “Emigrados” (Prémio Max 2008), entre outros. Em 2014, foi distinguido com o Prémio da Cultura Galega de Artes Cénicas (atribuído pela Consellería de Cultura da Xunta da Galicia) e com o Prémio de Honra Roberto Vidal Bolaño (atribuído pela Mostra Internacional de Teatro de Ribadavia, pelo conjunto da sua carreira profissional).

Os caminhos de Cándido Pazó e d'A Escola da Noite andam cruzados há muito, nomeadamente em acções ligadas ao intercâmbio entre a Galiza e os países de língua portuguesa. No TCSB, apresentou os espectáculos “O espectáculo da palavra” (2009), “Historias Tricolores: ou de como aqueles animaliños proclamaron a República” (2010) e “Memórias de un neno labrego” (2014). Em 2010, dirigiu em Coimbra, igualmente a convite d'A Escola da Noite, um workshop sobre narração oral. Em 2013, foi um dos formadores convidados pela Cena Lusófona no âmbito do projecto P-STAGE, que resultaria na criação do espectáculo “As Orações de Mansata”, uma co-produção com A Escola da Noite com um elenco de 13 actores de seis países de língua portuguesa. A montagem deste espectáculo permitiu aprofundar ainda mais a intensa ligação artística que os une.
Pedro Rodrigues (A Escola da Noite - Grupo de Teatro de Coimbra)